Beijo

Com o imenso calor que fazia, dirigia-me para a saída. O retorno a casa estava para breve e a sensação de dia cumprido era agradável. Sabia que o meu descanso estava a alguns quilómetros de distância mas nada que fosse significativo para mim. Uma dor emergente fazia-me ter uma postura corcunda. Ao de longe, alguém diferente surgia, uma figura simples, doce e singela... A memória já me falha com o quão distante foi o momento. Pensava no que diria, no que fazer, no que dizer... Inevitavelmente virías-me falar! Mas queria estar em forma... Queria sentir-me descontraido quando as palavras começassem a fluir. Queria sentir-te louca por mim. Sentir-te minha, perdida, encantada... Subitamente, disseste um "Olá mor...!" Quisera-te responder enaltecidamente mas, o silêncio abateu-se entre nós... Os corpos aproximaram-se, as tuas mão tocaram-me, o teu rosto tocara-me... Sentira os teus lábios junto aos meus. Procuraste-me na minha boca, onde o calor era uma verdade. Deixara-me embalar nas tuas artimanhas e também procurara-te em mim. Experimentava-te de novo no meio do ruído do mundo... O barulho silenciara-se por entre a paz dos nossos reconhecimentos... Tua língua fora um misto de emoções perdidas no tempo. Um misto de desejo, paixão, saudade e inocência... Abandonei-me e parti em viagem pelo universo das nuvens... Caira em mim quando te afastas-te... Tudo o o resto que me confessaras fora escutado somente pelo irritante barulho de fundo enquanto ainda tentava encontrar o caminho. A mão tremia discretamente. Ainda hoje não sei se era do peso que minhas costam suportavam ou da tua presença endiabrada. Desapareceste... Foras um anjo perdido do teu berço.