Flor de Jasmim

Balanças ao som do vento, procurando algo há muito esquecido ou talvez algo nunca achado, com o doce cantar dos pintassilgos. Fazes uma pausa para descansar dessa investigação incessante mas, subitamente, retomas lentamente ao teu destino, à tua vocação... Ao encontro de alguém esquecido no passado. Solitária e quebrada, desanimas pois sabes que, constantemente, falhas redondamente mas, timidamente não desistes e voltas ao fulgor inicial, ao ferveroso momento de procura. Deixas as tuas cores perdidas no suor do teu esforço mas, não cessas! É teimosia, paixão ou desespero? Brotas de uma suave e pequena boca que te estende um fio de esperança, ligando-te às sensações mais puras.
Frágil e sem pensar no quanto te desgastas, olhas para o chão procurando um ser menor que tu, quem saiba...
És tão belo, meu jasmim...
Mirando dessa alta planície para a relva, admiras o que te rodeia mas não lhe dás o devido valor. Preferes esquecer-te do presente em busca do futuro nascido outrora.
Rapidamente e sem o mundo perceber, quebraste o elo de ligação que te sustentava, abandonaste o que te alimentava, o que te fazia viver.
Ninguém viu. Ninguém chorou.
Terá sido por mim que deixaste-te de procurar?
Terás cumprido meu desejo?
Terás lido a minha mente?
Não creio...
Apenas sei, que quanto te vi, já descansavas eternamente junto à terra molhada pelo alvorecer.
Em minha mão, teu coração roxo, e tuas pétalas brancas descansam eternamente. Terá a tua alma conseguido alcançar os sonhos?
Terás sido demasiado aventureira e acabaste por perder uma luta desigual, ou a tua beleza frágil não terá sido suficientemente esplêndida para o mundo?
Descansa tuas manchas castanhas...
Descansa na minha mão... Eu guardo-te no cofre do coração...