Last chance

Quando olho para ti, o caos instala-se e a confuso reina. Barafunda de sentimentos incompreensíveis. Contradições indubitáveis voltam a erguer-se por de trás da magnificente serra. Não sei que diga. Perco-me com tantas comoções à flor da pele. Estou confundido com tantos ensaios novos. Não te sei responder às mais banais questões mas sei que se me perguntares se te amo, não irei hesitar em dizer que sim. Delicadamente, excitadamente ou melancolicamente a minha resposta foi, é e será sempre que “sim”… Não esqueci o que passamos e o que poderíamos ter vivido ainda mais, se não fosse a adolescência néscia. Quebrei juras de amor por meros caprichos, que nunca me completaram. Só pedia a Ele (se é que existe…) para voltar atrás e corrigir-me. Culpo-me por não ter tido a consciência que possuo, naquela altura. Poderíamos ter virado o mundo! Ter quebrado as fronteiras das palavras e voarmos até ao infinito das nuvens. Não compreendo como surgiu a oportunidade da mulher da minha vida ter-me sido mimoseada na idade dos enganos e desenganos. Porquê tão cedo? Porquê, naquele instante da vida, por mais que se esforcem, as duas partes são incapazes de se amar perdidamente sem uma ponta de falsidade? Ingenuidade minha ao não me ter sacrificado por ti. Os meus sonhos tornaram-se numa espécie de barco a naufragar. Sinto-me cercado por todos os lados e sem nenhuma saída. Inevitavelmente a decadência é a minha última solução e partir por esse mundo fora, a mostrar a arte das minhas opressões e a ser admirada pelos românticos solitários. Agora, não quero que sejam misericordiosos para comigo… Não merece piedade, este palhaço triste! Que caia o mundo… Que se esmoreça a serra e ela renasça! Que me culpe, rejeite e moa lentamente como o nascer do sol. Que as fotos ardam e de lá nasça uma praga que me sentenceie justamente. Não há desculpa nem mentira que possa encobrir os meus erros. Nenhum tribunal divino me pode absolver de uma severa condenação. Proclamem-me de “exemplo” pois mereço. Não me atirem para os calabouços da culpa. Deixem-me caminhar nas ruas, onde a humanidade possa saborear o meu ar de perdido. És bela e mágica como um anjo vindo de bem longe, trazendo uma mensagem de esperança aos que o rodeiam. Eras tudo o que eu, hoje, poderia desejar. Trazias-me vida, alegria, sonhos… Mas o que terá acontecido na noite, para tudo ter mudado? Como é possível o chamado “ser humano racional” ser infeliz com a própria felicidade? Assim sendo eu questiono se há algo que faça sentido na vida? Olhas para o que te rodeia e não te consigo ler as ideias. Sempre foi assim. Esse teu misticismo encanta-me. Esse teu jeito de criancice conquista o mais puro dos olhares. As mãos suaves apoiam-te a cara doce e sorridente, marcada pelas tuas reflexões. Minha inspiração… Longe de ti, sou possuidor de nada! Não é segredo nenhum que quero mais uma possibilidade… Minha morena, de olhos castanhos, apenas te quero abraçar no pôr-do-sol e beijar quando a lua brilhar. Acarinhar-te-ei as belas maçãs do rosto, pegar-te-ei nas mãos leves e harmoniosas para te confessar o meu amor, agarrar-me-ei ao teu tronco e jamais te deixarei. Quero ofertar a chave do meu perdão que possas esvaziar a enorme culpa que me recheia. Não peço esta fuga para te recompensar, como quem dá esmola a um mendigo. Imploro-te que me dês esta tentativa para te dar o que na altura não sabia que existia. Pretendo mostrar-te o mundo que criei, contigo no pensamento, para tu poderes habitares nele. Seres feliz e nele cresceres. Um mundo recheado de sonhos, histórias, viagens e esperanças que nunca poderão ser adormecidas. Onde poderás reinar e ditar leis inexistentes. Às vezes penso que essa ocasião possa estar para muito breve. Se ainda tenho fé é porque me alimentas. Mas e tu? Quererás aventurar-te nesta aventura, reeditando o velho amor ingénuo amadurecido? Arriscarás sem teres certezas, podendo repetir o triste final? Não sei o que mudou. Se me tornei mais maduro, pensativo, nostálgico, atento ou justo mas sei que se nos aventurarmos neste passeio, prometo-te um final diferente. O que te faz acreditar que isso irá acontecer? Porque é a minha última oportunidade de te fazer e ser feliz… Aceita a minha mão, aceita a minha vida…