Revolta interior

Penso em ti,
Quero-te,
Desejo-te,
Anseio-te...

(Choro!)

A lágrima escorre pela face deprimida, indignada e angustiada.

Não te sinto!

Onde estás?
Diz-me onde estás!
Onde? Diz-me onde te posso procurar!
Não te oiço! Fala! Responde-me merda!
Não aguento esta fúria interior, este rancor,
Esta ansiedade!

...

Se me queres? Então procura-me porque
Eu desisti de ti! Desisti de tanto te buscar
E sempre falhar!


- Quanto tempo consegues tu, sem me procurar?

Não sei...
Pode ser que daqui a pouco
Retorne à busca incessante!
É o mais provável...

(Paro para me acalmar...)

- E que buscas, sinceramente? Sou eu? É uma caracteristica em mim que te agrada? Amor? Compreensão? Carinho?

Procuro algo,
Algo que me conforte
E me faça feliz
No meio de tanta raiva, de tantas incertezas e inseguranças...

- Queres-me?

Tu queres-me? Se me ambicionares
Serei teu, serei estupidamente feliz contigo,
Viverei longe de preocupações,
Matarei fantasmas
Habitarei no meu mundo ilusório.

- Mas não vives já nesse mundo?

Talvez...
Quem saiba se já nasci nesse mundo,
E se estou destinado a residir sempre nele!
Talvez seja por isso que nunca aceitei a realidade,
Que nunca tenha compreendido ideias revolucionárias,
Decisões questionáveis...


- És feliz nele?

Sou! Tenho felicidade eterna.
Conquisto-me diariamente.
Completo-me nesse mundo irreal!
As ondas do mar acalmam-me,
O céu é semple claro e azul,
O medo não se impõe nem predomina,
As aves voam na brisa calma do vento,
O doce silêncio é tranquilo e
A noite é minha amiga.
Embala-me de forma apaixonada,
Com a luz da Lua,
Que me ilumina calorosamente!

- Então diz-me, de que tens medo? É da realidade? Solidão?

Medo? Neste mundo real, o terror e
O receio governam!
A tristeza exerce poder supremo
Na sociedade!

- Responde-me! Que temes?

Não seres minha! Não te fazer feliz!
Não te abraçar, beijar, tocar,
Tenho medo que não me querias!

- ...

Estás aí? Fala!

- ...

Abandonas-me, outra vez, depois de te
Confessar os meus receios?


- ...

Fala!

- ...


Mais uma vez deixas-me só...

- ...

E ainda eu te quero!
Como posso desejar alguém que me
deixa desamparado, que está disposta a abir a mão de mim,
Que renuncia-me quando eu mais preciso?

Talvez mereça isto tudo que me esteja acontecer!