Poema perdido (Parte I)

Intenso desalento,
Em rimas entristecidas,
Texto de aborrecimento
Escrito nas ruas escondidas.

Que uma voz
Soltou um grito
Momentos após
A vinda do desdito.

Acreditando na fé,
Droga do pobre e iludido,
Passo pelo cabaré
Sinto-me perdido...

Vagueio no pensamento
Que voa despreocupado
Nesse descobrimento
De um infeliz apupado.

Aprecio a ternura,
Caminhando pela rua
Admiro a escultura
Iluminada pela lua.

Saudades do sonho
Contrariando a realidade
Tenho um sorriso risonho
Em cada fatalidade.

Devaneios de locura
No escuro do céu
Recheados de amargura
São sinónimos de escarcéu.

Escolhe-se o caminho,
Para reviver o tempo vivido
De alegrias passadas
Ou então ficar sozinho
Sofrer abatido
Entre palavras cruzadas.

Com a ausência do teu brilho
O olhar é ofuscado
Como a morte de um filho
Com um ar desolado

Percorres o trilho
Olhando para a esquina
Dizendo que o “amor é um sarilho”
Gostas de ser genuína.

Não temes falhar
Adoras ser diferente
Acabas de abanar
O sentimento comovente.

Eloquente o amor
Desse cabelo maravilhoso
Deixo de ser pensador
Passo a ser clamoroso

Mas quando o dia passar
E a música acabar
Os teus olhos vais fechar
E a sinfonia escutar.

Sinfonia do amor
Sinfonia dos corpos
Sinfonia do horror
Em espaços opostos.
(Continua...)