Perdido em mim

A noite já vai longa. As estrelas já não brilham como dantes, tornaram-se baças e opacas. Escondidas por entre a escuridão dos meus olhos, estão longe de as agarrar. Confundes-me com o teu sorriso. Desaprendi de reconhecer os teus sinais. O teu sorriso torna-se tão desordenado para o meu pensamento. Não consigo alcançar as tuas ideias e pensamentos mais profundos. Um muro se ergueu entre nós aplicando o forte castigo do distanciamento. Não sei trepar o muro que criei. Não sei compreender o que foi meu. Recuso-me a aceitar que não sou teu. Queria tanto compreender o que sou para ti. Tenho medo que me tenhas esquecido ou simplesmento vulgarizado a tantos outros. Fiquei no lado de cá, encostado à enorme parede, a contar as lágrimas que escorriam. Vertiginosamente, corriam para atingir a erva. Embatendo contra a terra carente, uma flor ergue-se perante os olhos cerrados nas memórias. Sinto-lhe o cheiro e desperto um misto de aromas relacionados com a saudade. Quero encontrar a tua maneira, o teu caminho e seguir contigo. Quero segurar a tua mão e revelar-te este desejo que tenho de te possuir para toda a tua eternidade. Mais tarde, irei descansá-las em teu peito, abraçando-te cuidadosamente. Odeio ser uma alma livre. Vem caminhar sobre o mar e sentir esta fantasia. Olha para abismo! Segue-me até ao nosso cantinho. Lembras-te? Senta-te... Juntos poderemos ver as nuvens que guardaram sonhos. Do cheiro a orvalho até às tardes de chuva, iremo-nos beijar até ao último fôlego surgir. Que eu fervilhe nesta locura e nós possamos fazer juras de amor ingénuas. A noite chegou outra vez. Eu sei que não esqueces o passado! Vives nele. Eu também. Só ambiciono saber se eu sou o teu passado. A dor recomeça...