Todas as minhas tentativas para expressar aquilo que vivemos nunca se conseguiram concretizar na sua plenitude. Não passaram de ideias sem nexo, frustradas e ilógicas pois são incapazes de expressar aquele sentimento maravilhoso que tivemos o prazer de criar e destruir. A verdade é que por mais que escreva, jamais serei capaz de passar para as palavras todos aqueles olhares tímidos e nostálgicos, os beijos profundos e longos, os abraços quentes… Quando as mãos se juntavam convertíamo-nos numa só alma, num só corpo, numa só palavra… As respirações sincronizavam-se em cada pulsação de nós. Não tenho nem nunca terei razões válidas para justificar o nosso fim aliás, não sou mais do que um louco ao acreditar num “nós” que à muito já não existe… Louco iludido, preferi manter as esperanças eternas de um renascimento impossível do que encarar a realidade dura e angustiante. Terá existido? Ou criei, do pouco que vivemos, um mundo que sempre imaginei no papel? Não quero pensar mais… Deixo para amanhã a expansão desta demência incompreendida.