Carta a Sophie Rennée III

Bebezinha pequenina,

Escrevo-lhe, com muitas saudades, para voltar a ter contacto consigo. Há muito que não a vejo e é normal que uma ligeira preocupação me comece a conquistar aos poucos. As minhas noites têm sido gastas a pensar e se será necessário deslocar-me até si. Tenho passado na rua da sua casa e confesso que não resisto em espreitar, muitas vezes, a sua janela para ter a sorte de os meus olhos alcançarem uma sombra. Tentativa frustrada. Revelo-lhe também que passei pelo café onde costuma estar pelas nove horas e um quarto, mas a sua mesa preferida estava deserta. Com poucas linhas já lhe mostrei o quanto a tenho procurado pelos cantos da nossa terra com vista para o rio. Lembra-se dos passeios dados junto a ele? Como estava fresco nesse dia e o rio tão calmo… Uma aragem fria subia como assim fosse um remorso. Penso em si mas jamais poderei esquecer-me da situação desesperante que Sagawa vive. Sabemos bem que ela tem conhecimento de tudo mas, sinto-me desesperado quando penso no que ela poderá estar a sentir. Jamais seria capaz de me recompor se soubesse que a Bebezinha teria outra pessoa e o admitisse perante mim. Amo-a, também, e por isso quero o melhor para ela. Não quero que ela se sinta prisioneira de mim, só porque me ama. Não posso deixar que ela ganhe esperanças de eu amá-la tanto como amo a si. Sagawa é sem dúvida uma mulher marcante mas a vida encarregou-se de me pregar estas partidas. Amo-vos de maneira diferente e isso é irreversível e inquestionável. Tenho tanta vergonha da situação que sou incapaz de pronunciar o nome dela à sua frente. Certamente, morrerei com esta dor e indefinição aguda. Querida Sophie, já não sei que faça nem onde procure ajuda. Se dentro de mim não está a solução então onde está?
Espero por novidades suas .

Um beijo,
Bill S. Husenbar