Ensaio de louco

O que é isso de pensamentos loucos? Acho que são ideias sem nexo, frustradas e intelectuais. Nunca percebi mas, sei que todos nós temos… Uns gabam-se de tal e ficam imortalizados, outros nem por isso. E aqueloutros que cochicham sobre este e aquele, o outro que bate na mulher ou o vizinho que fuma e lança as beatas para a rua? Não gosto disso. Má-língua é coisa que só pode trazer tempestades à alma. Sou da opinião que tal é incorrecto, mais ainda na ausência do “arguido”. Atitude cobarde e pouco digna de uma espécie que se apregoa ser dotada de “ser racional”. Todos nós deveríamos ser capazes de nos auto-avaliar e agir em prol de todos. Mas até que ponto o ser humano é racional? E merecedor dessa mesma inteligência? Tudo bem, tem massa cinzenta e uns pares de neurónios mas não deviam eles funcionar? Se calhar há um botão em cada um de nós com opções de regularização a nível intelectual (Seria tão bom!). Interessante ou demente? Alguém que me explique porque raio é que nós, tão providos de intelectualismo, somos incapazes de praticar o bem? Porque somos inúteis ao ponto de não seleccionarmos o caminho correcto? Talvez, tudo se deva a uma questão de valores e influências. É na fase da infância que os nossos estádios pessoais iniciam um processo complexo de captação de informação oriunda de um vasto (e perigoso) exterior. Inconsequentemente, captamos todo aquele excesso de conhecimento e somos influenciados por comportamentos e atitudes dos mesmos. Não me digam que tudo é uma questão de feitio e de genes porque nem tudo é científico! Admiro a ciência na sua plenitude e sem ela muitas questões estariam para ser respondidas e reformuladas mas, a personalidade de cada um de nós é marcada pelo que nos dão e pelo que seleccionamos. Mas ninguém que atravessa a idade da brincadeira se preocupa com essas questões fundamentais, pois nem sabem da sua existência.
Em pequeno diziam-me que “quando cresceres vais querer voltar a ser criança”. Olhava-lhes nos olhos e respondia com “mas eu não quero crescer”. Acho que ninguém estava preocupado com a resposta de uma simples criança igual a tantas as outras. Não tenho problema nenhum em que os outros miúdos quisessem crescer mas eu não queria esse Fado. Não pedi para crescer, não pedi responsabilidades nem preocupações, nem lágrimas e muito menos amores… Ai o amor, esse sentimento terrível! Neguei quaisquer ambições em ser adulto mas nunca ninguém se interessou com as minhas rejeições. Aliás, sempre acreditei que a minha única morada seria aquela onde o vento levava, tranquilamente, o barco até ao cais. Aos poucos na travessia, fui descobrindo que o céu nem sempre era azul e que com o decorrer da viagem seriam mais os dias cinzentos que os coloridos. Agora que penso nisso lembro-me delas… De todas elas, ou só dela? Ai, meu pobre coração. Questionar os teus desígnios é ainda mais complicado do que perceber a infinita estupidez humana. O teu forte sempre foi lançar dúvidas tenebrosas e não trazer resposta. Então quem a trará? Não deveria alguém surgir e ser o senhor megalómano, disto tudo, com respostas para tudo e todos? Mentiras do ocidente… Mas enfim, que mais poderei eu dizer aos desgraçados de fé? Não acreditam nas suas potencialidades e então preferem ser iluminados por uma das histórias mais duvidosa de toda a humanidade. Como é possível explicar ao ser inteligente que o nascimento de tudo se resume a uma maçã, uma mulher, uma cobra e Deus? Perdoa-lhes…
Sou aquele tipo de pessoa que defende fortemente a existência de Deus e isso é inquestionável. Opiniões são opiniões e esta é a minha… Chamem-Lhe Deus, Natureza, alma mas que há algo há. Não se ponham é a contar todas aquelas balelas que a Igreja defende. Como explicar que a religião que explica a palavra do Senhor é uma das maiores aniquiladoras de oposições de todo o sempre? Ordem dos Templários, massacres, Inquisição e outros temas ficaram por esclarecer… Deus não quereria que esses infortúnios ocorressem.
Mas quem me tira as minhas dúvidas? Elas não se dissiparam e tornam-se mesmo ofegantes a cada segundo que passa.