A minha vida resumiu-se a um passado maravilhoso perdido num qualquer canto da rua longa que é a vida. Bateu-me à porta e eu não compreendi quem do outro lado me queria; desprezei e deixei o amor só com as suas lamúrias. No momento em que te desprezei percebi que “para ser, é preciso ter”. Condenei o meu desejo de beijar-te no meu último suspiro. Todos os lamentos são de rancor, de revolta e de resignação. Não te vi nem te toquei, não te quis… Culpados? Tu! A mais pura e crua das verdades é que rompeste demasiado cedo na criança que em mim havia. Aquela que era frágil, inconsciente e sorridente mas que morreu a chorar por uma menina que trazia fogo no olhar… Pobre infeliz. Culpados? Tu! Foste tu que criaste aquele monstro desprezível e horrendo, com dores de alma e ânsias demasiado maléfica para o próprio homem. Desculpa, a minha realidade necessita de culpabilizar alguém por me ter dado, na alvorada da vida, a hipótese de ser feliz. Hoje, estou arrependido de tudo o que te fiz. Sei que nada poderá a voltar a ser como dantes… Isso é o que distingue o passado. Não sou nem serei o teu esbelto príncipe montado num cavalo trôpego e esfomeado que te vem pedir a tua mão eternamente. Bano todo o sofrimento que em ti provoquei, eu mereço essa dor. Nem que o “iluminado” me oferecesse vidas atrás de vidas, jamais te conseguiria amar o quanto mereces. Quero o teu perdão, um abraço, um sorriso e um último beijo mergulhado nas ondas pintadas pelo pôr-do-sol…