A minha boca arrepende-se de cada palavra que ficou por dizer, de cada gesto que não te marcou ou quem saiba dos momentos em que perdemos os beijos nos olhares eternos,

(apago a luz)

e há medo espelhado nos rostos escuros, cravados em retratos erguidos nas paredes manchadas pela humidade que o Inverno traz, pela chuva que traz o teu nome em direcção à janela. Em cada brisa, um bilhete amachucado nas frestas do coração que invade a alma e tudo mais o que ficou vazio, tu levaste

(que lhe fizeste?)

não me trouxeste o teu perfume, deixaste-me na companhia dos retratos, das caras pálidas daqueles que tanto esperaram por um bilhete numa fresta da casa, que me olham e esperam que os surpreenda mas nada mais sei do que viver com este desassossego que me acompanhará até ao fim dos meus dias. Nada temo do que os velhos e gastos possam pensar, não me preocupa que os desiluda mas sim a tua

(longa e eterna)

ausência. Viverei atormentado nesta ilusão de te voltar a ter um dia…