Amor na madrugada

Amor,
Nao me peças que regresse
Pois serei mais uma prece
Em tantas noites escuras

Amor,
Não te atrevas a pedir a minha voz
Nem a exigir o que foi nosso
Porque tudo passou

Amor,
Não te atrevas a pedir a minha mão
Nem a exigir o meu olhar
Porque tudo passou

Amor,
Eu não fui o primeiro
Eu sou parte de destino incerto
Longe do nosso velho amor


Enquanto me sorrires com o coração, serei teu até ao nosso último dia mas pergunto-te: "se não tiveste culpa de te apaixonares por mim nem eu culpa de me ter apaixonado por ti, então quem é o culpado de ter existido um nós?"



Que seja agora!

Que possa ouvir a tua voz sem me preder no medo e no receio do que possas responder, que possa sorrir e deixar-me perder de amor pelo lugares onde passámos, nem tudo são certezas

(muito menos no nosso mundo de que o amanhã possa ser diferente e que)

realmente não sei o que mais temo: se é (voltar) a ouvir a tua voz ou escutar um “não”.



Tens tudo o que eu preciso, aquilo que um dia eu sonhei para mim. E não fosse o destino, ainda hoje

(realmente, não sei se alguma vez cheguei a ser)

seria teu e calaria essa voz de revolta que me abafa a alma. Criança alucinada e perdida, explode coração pois não há paredes que neguem o meu amor por ti, janelas que esqueçam que ainda sou teu e

esquece tudo, mas não negues que um dia fui teu e nos tornámos loucos de prazer pelos perfumes, carícias e toques repletos de de ousadia num lugar distante deste mundo.



Porque há ruas assim, grandes demais senão infinitas na sua largura… Demasiado infinitas quem saiba, amplas e espaçosas transformadas em avenidas escuras, sombrias e frias, repleta de vultos negros e cinzentos num mundo de criações e ilusões, transformista de fantasias e magia

(onde me posso esconder?)

olhem para mim e não tenham aversão apenas por gostar de recordar os momentos mais felizes que tivemos, gritar bem alto que te amei, beijei e abracei até

(merda, lembrei-me do teu nome, do meu passado…)

juntos fomos sofrendo e amando no silêncio dos beijos, dos trompetes que invadiam os boleros das gotas da chuva, nas lágrimas das viúvas que passei pela areia da praia em busca da onda perfeita e mergulharem na própria solidão.



A minha boca arrepende-se de cada palavra que ficou por dizer, de cada gesto que não te marcou ou quem saiba dos momentos em que perdemos os beijos nos olhares eternos,

(apago a luz)

e há medo espelhado nos rostos escuros, cravados em retratos erguidos nas paredes manchadas pela humidade que o Inverno traz, pela chuva que traz o teu nome em direcção à janela. Em cada brisa, um bilhete amachucado nas frestas do coração que invade a alma e tudo mais o que ficou vazio, tu levaste

(que lhe fizeste?)

não me trouxeste o teu perfume, deixaste-me na companhia dos retratos, das caras pálidas daqueles que tanto esperaram por um bilhete numa fresta da casa, que me olham e esperam que os surpreenda mas nada mais sei do que viver com este desassossego que me acompanhará até ao fim dos meus dias. Nada temo do que os velhos e gastos possam pensar, não me preocupa que os desiluda mas sim a tua

(longa e eterna)

ausência. Viverei atormentado nesta ilusão de te voltar a ter um dia…