Cansado

Sinto-me cansado deste meu mundo, destas paredes tão brancas e opacas, do excessivo silêncio, da procura de alguém, de caminhar só, de confessar-me segredos já conhecidos, de revelar medos que não são escutados, vazio de (não) te ter, de observar a natureza morta, não sentir o vento, de não me conhecer, não ser ouvido, de estar repleto de máscaras, de não puder subir ao topo das árvores, da pequena janela semi-fechada, do suor, das roupas velhas, do esforço em vão, das buzinas nervosas, das memórias, de apenas sonhar, dos invernos quentes, das noite melancólicas, dos súbitos reboliços, do nevoeiro sebastianista cerrado, dos suspiros solitários, do desperdicio de oportunidades, das experiências falhadas, da resignação total, dos meus fantasmas, da inocência ingénua, das lágrimas de sangue, das paixões eternas, do amor quente, das fotos amaldiçoadas, do orvalho da manhã, do trabalho nunca apreciado... Cansado de mim...