Não

Não te percas em mim nem queiras alguma vez sentir o calor dos meus braços. Não te queiras apoderar deles e temer o que te podem dar, nem te aconselho a criares demasiadas expectativas. Ainda ficas surpreendida... Se entrares nesta dor, é impossível voltares ao que eras. O passado vai flutuar no teu inconsciente e será practicamente impossível passares a mão por esse rio. Serei possível de tudo até de quebrar os teu sonhos, esgotar corações, fazer-te chorar... Serás capaz de lutar contra as dificuldades que nascerão no teu caminho? És a imagem da tentação e pecado. Não duvido de ti, apenas da tua paciência. Não cometas delitos que te possam fazer chorar lágrimas de sangue. Deito-me no sofá e pego nas cartas que me escreveste. Declaravas juras de amor loucas e excitadas. Lia uma a uma como se acabassem de ter sido entregues na minha mão. Sentia nelas um perfume de paixão com um misto de fragrâncias críticas. Abri, li, chorei e fechei os olhos. Quando acabei, tirei o cigarro da boca, apoiado em dois dedos da mão, e aproximei o da carta. Uma chama quente começa a consumir a carta um dos cantos em que dizias que o teu cabelo loiro só se era luminoso quando me olhavas na cara e me amavas. As cinzas caiam cada vez mais no sofá. As cartas desapareciam, os cigarros escasseavam. Enchemos o chão de cinzas...