Corpos que se ladeiam nos constantes sopros vindos com uma qualquer maré, gritos que ecoam no eclodir das ondas espumosas contra as enormes rochas que as limitam…
Eras tu assim de perfil. Nem mais um traço podia acrescentar àquele rosto desenhado por um artista divino
(o qual desconheço o nome)
picotando as tuas linhas ténues e macias. Traçado delineado com um lápis de carvão escondido, numa gaveta misteriosa, entre fotos de saudade e esboços de sonho criados naquela tarde de Outono em que as folhas já secas, o tempo húmido e coberto de chuva violeta aprimorada caída de um céu cinzento em tons pálidos criados numa qualquer tela rugosa.
Criou-te um só lado com várias cores, de cabelo castanho e longo penteado em direcção à alvorada por detrás da serra, um só olho também castanho com contornos que cravam uma nostalgia à muito perdida e a teimosia de ser constantemente feliz, quem saiba se nesse belo canto não morariam algumas lágrimas que não querem largar a beleza de uma musa, meio sorriso que expressava uma total indiferença com o que rodeava; apenas te preocupavas com algo que eu não entendia
(quem me dera que fosse por mim)
nem nunca soube o que era, talvez fosse por alguém ou alguma coisa, gestos delgados e pessoais descomprometidos de tudo e todos, mãos quentes e pequenos com muito amor para dar
(Dá-me a ta mão!)
a quem quisesses.
Gostava de te pintar como Ele te fez, de te dar vida e de te possuir toda uma vida.