Desisto e ergo as mãos unidas em direcção ao céu turvo. Espero um sinal Teu, uma voz, um sopro do vento. Peço-Te consolo e ajuda desde que a lua nunca mais abandonou o céu, desde que ela já não guarda o silêncio da guitarra. Condenado a este pranto, longe de ti e vivendo sem o maravilhoso perdido, procuro entre a solidão por ti e por nós. O império dos sentidos não traz as saudades perdidas nos dias e na história do fogo do amor que já morrera. Por entre gotas de chuva que batem no vidro, tento-lhes tocar e senti-las como se fossem vulgares. Estão longe de nós e das lembranças que nos faziam sorrir. Percorrera caminhos e ruas atrás de ti, mas a cidade está vazia e aqui já todos partiram para lugar desconhecido, mas eis que surge à tua velha janela uma tímida luz mostrando-se e tentando-me dizer adeus. Tento-te atirar as lembranças contra a janela mas tu não ouves

(ou não queres ouvir?)
talvez por causa das fortes gotas que vieram e conquistaram os nossos corações. São lágrimas salgadas, é chuva fria e gélida que me mata por dentro… Nuvens negras que nasceram numa qualquer esquina, grito-te que me perdoes e me tragas a vulgaridade dos nossos tempos. Agonia que dá vida ao mais sofredor e pecador que pisa o teu reino…