Será errado ter saudades daquela que eu amei, daquela a quem a vida lhe ofereci sem penosas angústias e temores de poder mirar o fundo dos lagos e assim descobrir um paraíso escondido entre os peixes, aquela que me fez cambalear quando me olhou e lentamente se aproximou como quem tinha encontrado um tesouro oculto, sem hesitar, e decidiu perder ou esquecer o elo de ligação que mantinha com o mundo para poder entrar num outro perfeitamente desconhecido, nos lábios húmidos e nas carícias trocadas, das almas unidas e convertidas ao brilho de uma enorme estrela que teimava em iluminar a escuridão do meu mundo, aquela que me agarrou e abraçou, de olhos fechados, e depositou todas as suas esperanças e sonhos, aquela que sorria junto a mim não querendo que eu largasse a sua mão ou poderia ter o azar de o vento me levar para o infinito, aquela que me revelou inúmeras vezes o seu amor e todo o estado de loucura por que passava quando me sentia por perto, aquela que insistia em pegar num pincel e pintar um fundo colorido erguendo vales, colinas e montanhas de alegria, aquela que me esperava na cama para me aquecer com a sua paixão, aquela que me queria na minha plenitude?