Yo me voy buscaré mi propria luz, no puedo ya seguir viviendo así, yo tengo que encontrar mi voz.

Por mais passos, de olhos vendados, que dê eu não encontro a doçura que era emanada por esta rua onde cresci, das montras que tanto espreitei, das longas correrias atrás dos pombos que voavam sem mim... Não me encontro, não sou quem sou. Não sei dos cafés, das lojas de calçado, do velhote que atravessava a rua em passo apressado para comprar o jornal, dos pregões das feirantes, do cheiro a peixe que vnha da praça. Não sei das ciaganas pelas quais me apaixonei, trajadas com as suas vestes tradicionais e irradiando sensualidade e beleza por onde passavam, atraindo os homens sedentos, com os seus olhos azuis e tornando a rua num mar de prazer e desejo. Das janelas ocultas, varandas que não despertavam para o orvalho fresco, que não te trazem até mim, de onde tu me observavas calmamente correndo atrás das pombas, tu que espreitavas aqueles que passavam no fundo da rua e que não reparavam em ti mas, eu sabia de ti, da menina que vivia ao pé de mim e que sorria quando me via corado olhando para ela. Não sei de ti nem da tua varanda, não sei da rua onde vivi nem o número da porta da casa onde nasci...

Yo soy tu gran creación